Retratos invisíveis sob a ótica de uma míope atrapalhada
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Agora que me vejo a rimar,
Prevejo que vão acoimar,
Não almejo a graça me primar,
Só pelejo para do vil não me aproximar.
Sou cria do universo,
Sou verso da euforia.
Sou disritimia do encanto
Sou canto da utopia.
Sua doença é corriqueira.
Não é cegueira nem descrença,
Parece indiferença, mas é só doideira.
Meu riso é torto, porém constante.
Meu destino é certo, embora distante.
Meu ego é flácido, sobretudo variante.
Mais e mais sempre.
Mais brilho nos olhos.
Mais frio na barriga.
De mãos dadas e com a mente aberta.
Sempre.
Na pele os pelos se eriçam.
No peito o coração trepida.
Com entonação descabida
Suor e gozo se atiçam.
Sob passos de gigantes, encolho-me em reverência.
Sob passos de gigantes, abrigo-me por preferência.
Sob passos de gigantes, contento-me sem reticência.
Valho-me de palavras breves para que me entenda sem exaustão.
Se outrora fosse eu o bobo a te entreter, hoje sois vós que me entedia.
Minha voz é livre,
Minha mente não.
Mantida em acrasia,
Silenciada pela razão.
Escrava do medo,
Condenada a contradição.